O recém-lançado Golf GT encara o GT da Chevrolet. Vamos ver quem faz mais jus à sigla
Eles têm motor 2.0 flex, visual agressivo e trazem as iniciais GT estampadas na carroceria. Mas quem é mais GT? Vectra ou Golf? A Volkswagen acaba de lançar a linha 2009 do Golf com duas novidades: o motor 2.0 finalmente tornou-se bicombustível e o modelo ganhou a versão GT. A proposta é que ela fique posicionada acima do Golf 1.6 Sportline, abaixo do GTI e de frente para o Vectra homônimo.
Como eles se comportam na pista e nas ruas? Comecemos pela tabela de preços: nesse caso, o GT da Chevrolet leva vantagem, por custar R$ 57.990, ou 8,5% abaixo dos R$ 63.390 do Golf. Ponto para o Vectra, mas com uma ressalva: o VW chega como linha 2009. O GM “ainda” é 2008.
Quando o assunto chega aos motores (que é o que interessa quando o tema é GT), nenhum empolga muito, mas o comparativo serviu para que a gente reunisse velhos conhecidos. Velhos mesmo: apesar da atualização (sistema flex e injeção eletrônica), esses motores são utilizados desde a década de 1980. O do Vectra veio ao mundo com o Monza; o do Golf nasceu com o Santana.
No quesito potência, o Vectra sai na frente: o tradicional motor da Família II da Chevrolet rende 128 cavalos, e tem torque de 19,6 kgfm. O do Golf (EA 113) gera 120 cv e tem torque de 18,4 kgfm (ambos com álcool). Nos dois casos a potência é pouca, considerando-se a cilindrada. Como comparação, o Focus 2.0 tem 147 cavalos. O Peugeot 307 (que também acaba de se tornar flex) saltou para 151 cavalos, e agora é o mais potente da categoria. Mesmo com motor 1.8, o Nissan Tiida consegue chegar ao nível do Vectra e do Golf, pois rende 124 cv.
Voltando ao embate dos dois, quer dizer que o Golf tomou uma surra na pista, certo? Errado. Embora tenham revelado exatamente o mesmo peso na balança (1.287 quilos), os dois andaram muito próximos em todas as provas, mas com vantagem sempre para o Volkswagen. Como pode ser conferido no quadro de resultados, o Golf GT foi mais rápido no 0 a 100 km/h (10,9 s, ante 11,1 s do Vectra), alcançou velocidade maior (188,8 km/h, contra 185,2 km/h) e também obteve retomadas melhores.
Para finalizar, no teste de frenagem o Golf também parou em distâncias mais curtas: embora os dois hatches estivessem equipados com discos nas quatro rodas e ABS, o Golf freou de 80 km/h a 0 em 25,8 metros. O Vectra precisou de quase três metros a mais: 28,6 m.
Saindo dos resultados da pista e entrando no campo das sensações, o Golf também foi superior. A 2.000 rpm, o motor do Vectra ainda mostra um pouco de sonolência, enquanto nesta mesma rotação o do Golf já escovou os dentes e está se preparando para tomar café. O curioso é que no Astra (que empresta a base mecânica ao Vectra) o comportamento é outro. Como o veterano Astra é cerca de 120 quilos mais leve que o Vectra, as respostas são sempre mais nervosas. O Vectra, apesar do sobrenome GT e do visual mais agressivo, tem respostas mais comportadas.
Entre as principais alterações feitas pela engenharia da Volkswagen no motor estão a elevação da taxa de compressão (10,3 para 11,5:1), a troca da árvore de manivelas (era fundida, agora é forjada) e os materiais de pistões, anéis, válvulas, assentos de válvulas e coletor de admissão. Segundo a VW, a nova árvore de manivelas tem maior resistência à flexão e à torção. Com isso, o motor passou a trabalhar mais silenciosamente e com menor nível de vibrações. A central eletrônica foi recalibrada.
Como resultado, a potência subiu de 116 para 120 cavalos com álcool (com gasolina no tanque não houve alteração). O torque foi de 17,3 para 18,4 kgfm, e agora aparece em rotação inferior (2.250 rpm, ante 2.400 rpm do Golf à gasolina). Como potência e torque subiram, a montadora alongou a relação da quarta e da quinta, com o objetivo de aumentar a economia e reduzir o ruído.
Uma curiosidade: o motor do Golf é o primeiro flex “estrangeiro” no Brasil. Isso porque esse propulsor é feito no México. Segundo a empresa, embora tenha sido desenvolvido com know-how brasileiro, o trabalho foi acompanhado por engenheiros do México e da Alemanha, tanto da Volkswagen como da Audi.
A “junta internacional”, porém, não evitou o alcoolismo do Golf: ele demorou para começar a beber, mas aparentemente quer tirar o atraso. O Golf fez média de 6,2 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada. Já o Vectra se redimiu, ao menos neste teste. A gente não tem notícias de que o Vectra esteja participando de alguma reunião de alcoólicos anônimos, mas o fato é que o modelo, tido como bom bebedor, desta vez obteve média de 8 km/l na cidade e 11 km/l na estrada (ambos com álcool).
O hatchback da Volkswagen também mostrou a tradicional superioridade no quesito transmissão. O câmbio é mais macio e tem engates mais justos e fáceis. Além disso, tem direção um pouco mais precisa aos comandos, que passa mais informações ao motorista. No Vectra, essas sensações são mais atenuadas.
Quanto às suspensões, há um certo equilíbrio. Os dois vêm com sistema independente na dianteira e semi-independente atrás. São confortáveis e absorvem bem as imperfeições do solo, sem comprometer a estabilidade.
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