Preço e design são as razões que definem a compra nessa faixa, como apontam as pesquisas das fabricantes – e aqui daremos um voto de confiança a elas. Então vamos liquidar esse ponto de cara: na versão de entrada, a LT, o Agile sai por R$ 34.040. O 207 X-Line parte de R$ 29.900. Com ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos (os itens mais procurados por essa turma), o preço do Chevrolet pula para R$ 38.276. O 207 XRS traz os mesmos itens e, de quebra, rodas de liga leve e vidros elétricos traseiros, por R$ 38.900. O seguro de ambos gira em torno de R$ 1.500.
Maior, o Agile leva 337 litros de bagagem no porta-malas, contra apenas 222 litros do Peugeot
O pior da dupla é a traseira do 207 e a dianteira desproporcional do Agile, com grade e faróis enormes
Na cabine do Peugeot, a sensação é de que regredimos dez anos. O 207 recebeu reformas no painel para se parecer com o modelo europeu. Contudo, mais uma vez, a ação não passou de tentativa. Tudo nele lembra o antigo 206, lançado em 1998. Ou seja, o espaço é reduzido, falta porta-copos (OK, há dois, inúteis, no porta-luvas) e o apoio de cabeça dos bancos fica longe da cabeça dos passageiros. A idade expõe também descuidos ergonômicos como a posição dos botões dos vidros elétricos no console central, ao lado da alavanca do freio de mão. Se você procurar pelo ajuste do retrovisor externo, o encontrará na mesma região incomum. Porém, não pense que no Agile a situação é muito melhor. O sistema de som, na parte de baixo do painel, obriga a desviar a atenção e as mãos para ajustá-lo. E, embora a GM negue, o volante do Agile é, sim, deslocado à direita. Em menor grau, porém, que a inclinação existente no Celta.
Quanto ao acabamento, aconselho que você passe a mão nos tecidos que forram os bancos e no plástico presente no painel e nas portas. Você sentirá, com certa facilidade, que os materiais usados no Agile são de melhor qualidade. Mas vá com calma, não espere encontrar esmero como encaixes perfeitos e superfícies lisas. Na versão LT, o hatch da GM tem detalhes de acabamento em acrílico escuro, e os bancos, apesar do bom tecido, perdem os desenhos em baixo relevo da opção topo de linha. O “teste do tato” no 207 revela um carro bom, mas para a década passada. Tecido, plástico e forro estão defasados.
É hora de acelerar. Você deve ter reparado nas fotos que o 207 está sempre à frente do Agile, certo? Foi de propósito. O motorista do Agile estava cansado de ver o 207 apenas pelo retrovisor. Na pista, o hatch da Chevrolet andou o tempo todo na frente. Com até 102 cv e 13,5 kgfm de torque, o 1.4 do Agile é capaz de levar o hatch de 1.075 kg da imobilidade aos 100 km/h em 13,1 s. O Peugeot, 46 kg mais leve, e com 82 cv e 12,8 kgfm, leva 15,4 s. Nas retomadas e na velocidade máxima, o Agile também ganha. Em consumo, o 207 contra-ataca: faz, com álcool, média de 9,1 km/l, contra 8,8 km/l do Chevrolet – que por sua vez demora mais tempo a visitar o posto de combustível, por causa do tanque maior (54 x 50 litros).
Alavanca de câmbio do Agile é alta, e há diversos elementos no quadro de instrumentos. No 207, é fácil de ler os dados de velocidade
A disputa que começou acirrada foi pendendo para o Agile conforme o comparativo avançava. É certo que o Chevrolet está longe de ser um carro refinado, exibe descuidos impensáveis para sua faixa de preço, mas traz soluções modernas como altura elevada, bom espaço – tanto para passageiros como para bagagem – e desempenho esperto. O pequeno Peugeot, que no final dos anos 90 era referência em vários pontos, envelheceu, mesmo com a recente maquiagem. Perdeu o bonde da história, o fôlego e as vendas. Por isso a Peugeot já trabalha no 208, este sim uma evolução completa.
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