Recém-lançados, hatches pequenos travam uma briga de calouros
Está mais fácil escolher um hatch pequeno. Nos últimos anos, o consumidor brasileiro tem sido cada vez mais bem servido com novidades como o Uno e o Fiesta reestilizado que participam desse comparativo. Ambos contam com itens que não apareciam nem nos sonhos de quem pensava em escolher um modelo desse segmento há pouco tempo, como o desembaçador do para-brisa do Fiat e os instrumentos que varrem todo o mostrador antes de dar a partida do Ford. Mas ficou claro que o novo motor 1.4 Fire Evo poderia se entender melhor com o resto do conjunto do modelo da marca italiana, que sofreu nesse embate com o rival.
Pelo menos teoricamente, uma das tábuas de salvação do Uno 1.4 seria a relação custo-benefício. Seu preço de tabela, sem opcionais, é de R$ 31.600, ante R$ 34.590 do Fiesta 1.6. Com inclusão de ar-condicionado, direção hidráulica, além de vidros e travas elétricas, o Fiat passa a custar R$ 36.400 e o Ford chega a R$ 38.240. Acontece que, nas lojas, o Uno não tem desconto e o Fiesta completo pode ser encontrado por algo em torno de R$ 34 mil. Claro que o Ford recebeu apenas retoques visuais e está no mercado há mais de oito anos e o Fiat acabou de chegar, mas a diferença apertada de valores começa a pesar nessa briga.
No dia a dia, a maior agilidade do Fiesta vem à tona, mesmo com relação peso-potência parecida com a do rival (10,2 kg/cv ante 10,5 kg/cv do Uno). Não apenas pela vantagem de 200 cm³ de cilindrada (1.6 litro ante 1.4 litro do Fiat), mas também pelo funcionamento bem mais suave e uniforme do motor Zetec RoCam. O Fire Evo do concorrente tem suas qualidades, mas rende bem apenas numa faixa muito estreita de rotação (entre 2.500 e 3.500 rpm), além de transmitir mais vibração do que deveria para o interior, prejudicando o conforto.
Com mais fôlego (106 cavalos e 15,3 kgfm de torque a 4.250 rpm, contra 88 cv e 12,5 kgfm a 3.500 rpm do Fiat), o Fiesta responde mais rápido nas ultrapassagens transmitindo segurança. No Uno, falta mais disposição a partir dos 3.500 rpm e abaixo dos 2.500 rpm. O Fiesta atinge 170 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos, contra 172 km/h e 13,1 segundos do Uno, respectivamente.
Além disso, o acerto de suspensão da Ford ainda continua sendo melhor nas curvas, levando em consideração que ambos os modelos estavam equipados com rodas de aro 14 polegadas e pneus 175/65R. Aliás, o Fiesta mostra mais precisão na maior parte dos componentes mecânicos, principalmente nos engates do câmbio e na resposta dos freios.
Entre prós e contras, o Ford sai com a vitória deixando claro que o Uno se entende melhor mesmo é com o motor 1.0, que tem preço vantajoso e desempenho satisfatório para um modelo popular de um litro de cilindrada, até mesmo pelo melhor consumo com etanol. Em média, o Fiat 1.0 faz 9,3 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada, contra 8,3 km/l e 11,7 km/l do 1.4, um pouco mais econômico que o Fiesta 1.6 (7,6 km/l e 10,4 km/l).
Você quer um hatch pequeno, mas espaçoso? Ok, nesse aspecto, temos um empate técnico. A capacidade do porta-malas do Ford é um pouco maior, conforme nossas medições: 255 litros, ante 238 litros do Uno. Na distância entreeixos, mais uma pequena vantagem para o Fiesta (2,45 metros ante 2,38 m do Uno). O equilíbrio continua no item ergonomia, com poucos deslizes nos dois.
No caso do Ford, uma falha é no botão do pisca alerta, instalado na coluna de direção, enquanto deveria estar no centro do painel, além da falta de regulagem de altura do volante. E no Uno, um problema é a difícil regulagem dos encostos do bancos dianteiros e, embora tenha sido uma boa ideia o desembaçador do para-brisa, seu botão fica mal localizado no lado esquerdo do painel.
A Fiat caprichou no estilo do Uno, mas poderia ter combinado com um acabamento de melhor qualidade. Pelo menos na unidade que avaliamos, o nível de ruído interno foi prejudicado por peças mal encaixadas, a exemplo do espelho auxiliar convexo no teto. Nesse ponto, o Fiesta está um ponto na frente, com um ambiente ligeiramente mais simples, mas eficaz.
Seus mostradores da linha 2011 ganharam iluminação permanente, indicador de revisão, novo grafismo e os ponteiros do marcador de combustível e da temperatura do líquido de arrefecimento são mais precisos que a escala digital do Uno. Mas incomoda no Ford a falta de comando “um toque” dos vidros elétricos, localizados nas portas, melhor do que no painel, como acontece com o Fiat, cujos botões são iguais aos do pequeno Cinquecento.
Não há como negar que a principal vantagem do Uno em relação ao Fiesta fica por conta do design mais moderno e funcional, mesmo considerando a reestilização do Fiesta, que ficou com gosto duvidoso pelas medidas desproporcionais dos faróis, meio termo entre o arrojado novo Fiesta europeu (que virá do México para o Brasil primeiro na versão sedã, a partir do fim do mês que vem) e o simplório Figo indiano.
No Fiat houve o cuidado de incluir várias partes com o chamado “round square”, algo como quadrado arredondado, o que deu uma identidade original ao carro. Essa identificação pode ser notada tanto por dentro quanto por fora em itens como bancos, painel, lanternas e até na própria silhueta da carroceria. Entretanto, como beleza não é tudo, o Fiesta levou a melhor dessa vez nessa briga de calouros.
2 comentários:
Duas porcarias de carro...não pago nem 10 mil num carro desses
Que beleza de comentário o do indivíduo acima (ironia)... se quiser pagar por um carro decente vendido no Brasil vai gastar no mínimo uns R$120000,00. Qualquer carro que você tiver que não for esse preço é uma porcaria do mesmo saco desses dois aí!
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