Pronto para acelerar a nova machinna de Maranello? Ela tem tecnologia de ponta e um V8 de 570 cv a 9.000 rpm!
Dona de um equilíbrio de dar inveja, a 458 ataca as curvas como poucos carros no mundo são capazes de fazer
O cenário é Maranello, a casa da Ferrari, e o combustível extra foi necessário porque torrei quase todo o tanque de 78 litros logo nas três primeiras horas acelerando a 458 pelas estradas estreitas dos Montes Apeninos. E olha que essa é uma das Ferraris mais comprometidas com consumo e emissões da história... Mas não há gasolina que chegue quando você tem uma oportunidade dessas. Autoesporte foi a única publicação brasileira por lá.
Mesmo ainda focada em desempenho, a 458 polui menos: 307 g de CO2/km, contra mais de 400 g da antiga F430
Claro que não resisto à tentação de ver o ponteiro do conta-giros chegar até a linha vermelha e, logo na primeira esticada, a “patada” da 458 me faz destronar o Audi R8 V10 como carro mais rápido que já dirigi. Nenhum outro V8 aspirado (nem o V10 do R8) faz você ser jogado contra o banco como o dessa Ferrari. E não é para menos: a 3.500 rpm, a Italia já tem todo o torque da F430 – e chega a um pico de 55 kgfm a 6.000 rpm. A fábrica garante que os 100 km/h surgem antes de 3,4 segundos, com o controle de largada. É vero, acredite. O tempo de volta dela no circuito de Fiorano, a pista de testes da marca, é de 1 minuto e 25 segundos – o mesmo da Ferrari Enzo. E a máxima supera os 325 km/h!
Discos de carbono-cerâmica e ABS esportivo garantem frenagens em curto espaço. Rodas são aro 20
Resultado: o carro ataca as curvas de forma impressionante. Fizemos “cotovelos” de 20 km/h a quase 60 km/h, na maior naturalidade. E pode grudar as mãos no volante na posição “dez para as duas” mesmo nas curvas mais fechadas. Com uma relação de direção de 11,9:1 (contra 16,9:1 da F430 Scuderia), a 458 tem apenas duas voltas de volante entre os batentes – quase um kart. Para conter a fúria com que a Italia se aproxima das curvas, os freios vêm com discos de carbono-cerâmica. São apenas 32,5 metros de 100 km/h a 0, anuncia a marca. E nem sinal de fading durante nossas “alicatadas” no trajeto sinuoso.
Depois de usar e abusar da transmissão DCT (dupla embreagem) de sete marchas, a gente entende exatamente o que Joanne quis dizer. Nossa estradinha pede trocas de marcha o tempo todo. É pé embaixo, marcha para cima com um toque na borboleta direita, freio, toque na borboleta esquerda para reduzir, tudo numa sequência alucinante – as trocas são mais rápidas que mudar o canal da TV no controle remoto. E dá-lhe retomada. Quando o V8 passa das 4.000 rpm, o ronco se transforma em algo próximo de um F1 – entendeu por que eu esticava até 9.000 rpm várias vezes? E tem mais: nas reduções, a “embaralhada” do motorzão é algo para gravar e deixar como toque do celular.
Para facilitar as trocas de marcha na coluna de direção, a Ferrari tirou todas as alavancas do caminho. Comando de setas, faróis, limpador de para-brisa, tudo agora fica no volante. A seta causa certa estranheza no começo, mas depois parece tão lógica (um botão para cada lado) que já acho que todo carro deveria ser assim. Fora isso, o interior prima pela qualidade de construção, com painel revestido de couro e bancos tipo concha que mantêm você (e o carona) bem presos. No quadro de instrumentos, apenas o conta-giros é analógico. O restante aparece em duas telas de LCD – na direita alternam o velocímetro (que, apesar de digital, imita um analógico) e o visor do GPS; na esquerda aparecem o nível de combustível, temperatura do motor, do óleo e hodômetro, alternando com a tela de setup do carro. Isso mesmo, se você for acelerar em um circuito, um computador controla a temperatura do motor, freios, transmissão... Ele pede que você faça um aquecimento (Warm-Up), depois se divirta à vontade (GO) e, quando tudo esquentar demais, manda você diminuir (Over). É como um game over, só que de verdade.
Curiosos rondam a Ferrari e frentista coloca 40 euros de gasolina. Gorjeta? Coitado, ele está esperando até agora...
Chego na sede da Ferrari faltando um minuto para o combinado. Eu poderia alegar que precisava passar a noite com a Italia para testar os faróis, mas acho que não colaria. Há uma longa lista de gente para dirigir esse carro, e também para comprar um – ele deverá responder por metade das cerca de 6 mil Ferraris produzidas por ano. A 458 começa ser entregue no Brasil no segundo semestre, pelo preço de R$ 1,5 milhão. Cifra um pouco abaixo do rival Lamborghini Gallardo Superleggera. Dos três jornalistas que dirigiram a 458 no mesmo dia que eu, todos haviam acelerado o Lambo. E a decisão foi unânime: a Ferrari é melhor. “Perto dela, o Gallardo parece um esportivo dos anos 90”, disse um deles. E o cara do posto nem sabia disso...
A Ferrari trocou as alavancas de seta, limpador e farol por botões no volante. Hastes do câmbio são fixas
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