PuMa

Motivado pelas corridas de automvéis, houve um grande interesse das grandes montadoras nacionais a promoverem os seus carros. Sabiam que colocar seus modernos automóveis em competições seria a prova definitiva da qualidade do produto. Então Willys, FNM, Simca e Vemag se apressaram em montar seus departamentos de competições, pois seria bom para o consumidor verificar o carro nas pistas para poder usá-lo nas ruas.

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DKW Malzoni 1966 em Interlagos.

Foi nesse momento em 1964, que Jorge Lettry, chefe de departamento de competições da Vemag, trocou idéias com Rino Malzoni, um fazendeiro do interior de São Paulo que gostava de criar carrocerias esportivas para mecânicas existentes do mercado. Nessa época surgiu o Puma, numa pequena oficina de São Paulo, sendo o primeiro carro fora-de-série produzido do Brasil. Feito em fibra de vidro, era equipado com motor Vemag. Suas linhas lembravam a Ferrari já que se destinava às competições. Após grande sucesso nas pistas, ganhou as ruas conquistando especialmente os jovens que até hoje gostam desse carro por ter as suas linhas o formato de uma onda do mar. Ao estacionarmos o nosso Puma, se há alguma criança próxima, vem olhar o carro, demonstrando que seu desenho é sempre atual

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Em 1967 foram vendidas 125 unidades. Porém, mudanças no cenário automobilístico brasileiro começaram a ocorrer e uma delas foi a passagem do controle acionário da Vemag para a Volkswagen. Dessa forma, a Puma precisou escolher um outro conjunto mecânico para seus modelos. A escolha recaiu sobre o conjunto motor/câmbio/suspensão e plataforma do Karmann Ghia 1500. Afinal era uma mecânica confiável e com grande rede de assistência técnica. Mas a mudança resultou em um novo carro desenvolvido rapidamente e apresentado à diretoria da Volks em março de 1968, quando então foi lançado lançado no mercado o GT 1500. Era uma carroceria moderna e inspirada na Lamborghini Miura. Continuava um carro leve (640kg), custava o mesmo que dois Fuscas.

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Em 1968 as vendas do GT 1500 foram de 151 unidades e em 1969, 272 veículos. Eram um sucesso, mas possuíam um motor de 60cv considerado fraco para o desenho do carro. Foi aí que a Puma começou a fabricar modelos com motores de maior cilindrada (até1800).

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Quando a plataforma do Karmann Ghia parou de ser usada, foi utilizado então a do Brasília para servir na montagem dos Pumas. Novos comandos de válvulas(P1, P2 e P3) e câmbio com relações mais curtas foram implementadas. Em 1970, foi adotado o motor 1600 de série, quando então a Puma começou a fazer sucesso no exterior, exportando para a Europa, América do Sul e Estados Unidos, com alguns aperfeiçoamentos técnicos especiais. Assim, em 1970 foi lançado no mercado o GTE (exportação), que possuía qualidade melhor, com novas lanternas traseiras, lavador de pára-brisas, ventilação e opção de motores (1600 ou 1800) com dupla carburação (32 ou 40), além dos comandos P1, P2 e P3. O rádio e medidor de pressão do óleo também surgiram. Os modelos destinados a exportação ainda contavam com pisca alerta e duplo circuito de freios. Exportações: 1969 – 20 1970 – 15 1971 – 3 1972 – 59 1973 – 401 1974 – 13 1975 – 11 1976 – 28 1977 – 174 1978 – 441979 – 110 1980 – 157 Voltando no tempo ao que nos referimos das corridas, podemos ver a preparação de um Puma 1969 para as 12 Horas de Interlagos.

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A preparação foi efetuada após o carro ter sido todo desmontado num revendedor em SP. O carro foi transformado de 1500cc para 1700cc, com taxa de 9:1 de compressão, sistema de lubrificação cárter seco, carburação dupla Webber 46, freio a disco, chegando a ultrapassar os 190km/h. Fotos gentilmente cedidas pelo preparador de motores, Fernando.

O Conversível

O primeiro modelo conversível foi apresentado no VII Salão do Automóvel com o nome de GTS (Spider), era o mesmo carro que o fechado, porém com reforços estruturais e capota flexível. Opcionalmente poderia ser equipado com capota removível de fibra de vidro. Preenchendo uma lacuna deixada no mercado pelo Karmann Ghia e pelo Interlagos conversíveis, o Puma GTS agradou totalmente. Apesar de seu preço situar-se entre o do Opala SS e do Dodge ChargerRT, pouco tempo depois de seu lançamento surgiram filas de interessados na compra do GTS. Essa foi por sinal, durante muito tempo, uma condição para aqueles que desejavam comprar um Puma. Durante a década de 70, no mercado de usados os pumas eram os modelos com mais alto índice de valorização no mercado interno.

Puma Chevrolet

Em 1971 surgiu o primeiro protótipo do Puma GTO, conhecido como Puma Chevrolet, que possuía uma carroceria de fibra de vidro maior que o dos outros na qual foi montado um motor de 6 cilindros Chevrolet 3800cc. Foi a solução da Puma para conquistar espaço entre os Opalas e Dodges esportivos da época. A versão definitiva, totalmente diferente do protótipo, e com o mesmo motor Chevrolet, porém com 4100cc, foi apresentado ainda com o nome de GTO, no Salão do Automóvel de 1972. esse modelo entrou em fabricação regular apenas em 1974 e era um dos mais caros automóveis nacionais. Nesse momento no Brasil já havia outro sério concorrente para o Puma, que era o Maverick GT. Os modelos GTE e GTS continuaram numa trajetória ascendente nos mercados nacional e internacional sendo até montados na Venezuela e África do Sul.

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Em 1976 surgiram então modificações na linha GTE/GTS encurtando o chassis do Brasília ao invés do Karmann Ghia e foi desenvolvida uma nova carroceria, mais larga, e os poucos cromados foram eliminados e várias melhorias aconteceram. O Puma fechado foi dotado de janelas laterais. Mecanicamente os modelos, que já usavam os motores 1600 do Brasília ao invés do Karmann Ghia de 1975, permaneceram inalterados. A partir de 1975 com as proibições de importações de automóveis impostas pelo governo, com a gasolina mais cara devido à crise do petróleo, os modelos nacionais de grandes motores não faziam tanto sucesso, e surgiram vários modelos fora-de-série: Adamo, Laffer, Bianco, Farus, Santa Matilde, Ventura e o Miura. A partir de 1979 foi lançado o Puma GTB/S2, ainda utilizando mecânica Chevrolet 250S, com uma carroceria totalmente nova, de linhas mais suaves e retas que as GTBs anteriores.

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No fim dos anos 70 começou o declínio da Puma. Apesar das vendas continuarem boas a empresa começou a passar por sérios problemas financeiros. Mesmo assim, idealizou e lançou um novo modelo em 1980. Era o P-018, nada mais do que um GTE reformado que usava suspensão da Variant II. Somente 28 modelos foram vendidos entre 81 e 84. Em 81, os modelos tradicionais também foram modificados de estilo: novos pára-choques de borracha, novas lanternas de Brasília, e vários pequenos detalhes transformaram o GTE em GTI e o GTS em GTC. Infelizmente o destino da Puma estava traçado. Em 1984 quando a produção foi de 100 unidades (56 GTB, 32 GTC, 4 GTI, 6 P-018 e 2 Modelos desmontados para exportação) a Puma endividada, pediu concordata e suspendeu a produção. Em seguida uma empresa denominada Araucária Veículos continuou produzindo os Pumas, mas também a produção não foi adiante. Outra surgiu, Alfa Metais, também disposta a levar adiante o produto. Os modelos foram relançados como AMV(GTB), AM3(GTI) e AM4(GTC) com alterações de estilo. Mas entre 86 e 89 somente 36 carros foram montados e a empresa não continuou a produzí-los. am4m.jpg

A empresa AMV passou também a produzir pequenos caminhões com motores MWM e cambio Clarck.
Com a abertura do mercado interno no Brasil, vários carros comecaram a chegar com melhor desempenho e qualidade, ofuscando o brilho dos novos esportivos Puma, que acabaram deixando de ser fabricados em 1990. Pouquíssimas unidades do AMV e AM3 chegaram a ser fabricadas.

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Em 1998 a Ford comprou os direitos sobre o nome Puma, afim de lançar um carro com esse nome. Os pequenos caminhões passaram então a trazer a marca AMV mas o emblema do Puma continua presente.

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