Apresentado em maio de 1981, o Voyage foi saudado por QUATRO RODAS como um carro que somava as vantagens de Gol e Passat. Não demorou para, em 1983, o motor passar a ser 1.6. O comprador podia optar entre álcool ou gasolina e duas ou quatro portas, versão que desapareceu três anos depois para voltar em 1990. Ironicamente, coube ao quatro-portas a melancólica tarefa de apagar as luzes da linha de produção do Voyage, em 1996. No ano seguinte, foi oferecido como opcional o câmbio de cinco marchas. Em seguida, em 1985, entra em cena a geração de motores AP (1.6 e 1.8). Logo a versão Super, top de linha, ganhou o 1.8, do Santana, que também equipava Gol GT e Passat GTS Pointer. Aí o Voyage a álcool passou a andar feito gente grande: 12 segundos de 0 a 100 km/h e máxima de 164 km/h, uma diferença e tanto em relação aos primeiros 1.5.
Voyage x Chevette
Por algum tempo, o Chevette foi uma pedra no sapato da VW. O pequeno três-volumes da GM, chegado em 1973, criava uma nova categoria entre os nossos compactos, chamada três-volumes. A fábrica de São Bernardo do Campo não escondeu que o GM acendeu a idéia do Voyage. "O Chevette é o único carro que oferece algo comparável no conceito três-volumes do Voyage", disse, na época do lançamento, o diretor de marketing da empresa na época, Constantin von Schweinechem. Integrante da família Gol, o Voyage surpreendeu ao usar o motor 1.5 refrigerado a água, o mesmo do Passat. Uma versão 1.6 refrigerada a ar chegou a ser anunciada, mas não vingou. Apesar de usar a mesma plataforma do Gol, sua suspensão recebeu modificações, tornando-se mais confortável, característica que ajudou ainda mais a posicionar o novo carro em nível pouco acima do seu irmão.
Voyage na America do Norte
Desde o lançamento do Voyage, um grupo de executivos da VW passou a tocar um secretíssimo "Projeto 99". Não era nenhum carro novo, mas quase isso. O plano da fábrica era exportar 100000 carros para o mercado americano. Já em 1982, alguns carros foram despachados para teste no Alasca, a temperaturas de até 45 graus negativos. Passados cinco anos, o Voyage chegou lá. Além de mudar a identidade para Fox, para conseguir o green card foram necessárias 2000 modificações. O carro ganhou injeção eletrônica, item banido por aqui pela famigerada política de reserva de mercado da informática, e catalisador, este só adotado no nosso Voyage em 1992. Até a linha de produção teve de ser aprimorada, com a importação de 15 robôs para aprimorar a qualidade das soldas, outra exigência do comprador externo. Com todos os aprimoramentos, o Fox chegava aos americanos ao preço de 5200 dólares, segundo informações da época do jornal Automotive News. Preço inferior ao mais barato dos carros japoneses por lá comercializados. No fim de 1989, a revista americana Car and Driver comparou oito modelos da classe econômica. O Fox fez bonito e ficou em terceiro, atrás apenas de VW Golf e Honda Civic DX. Preço e qualidade ajudam a entender os 220000 Fox que foram exportados até 1993 para os Estados Unidos. Cosmopolita, além de rodar pelo continente americano, também chegou a circular no Iraque, a partir de 1988. O movimento migratório em direção ao Oriente Médio durou apenas até 1990, com o início da Guerra do Golfo. Mas o privilégio de ter um Voyage à moda americana acabou por chegar aqui. Na linha 1988, a VW apostou alto e lançou o modelo GLS. Com motor 1.8, ele era a própria versão brasileira do Fox, inclusive com o mesmo painel.
Voyage Los Angeles
O Voyage que você vê é um raro remanescente da série especial Los Angeles, edição que homenageou a sede da Olimpíada de 1984, nos EUA. A cor azul acrílica metálica era exclusiva, assim como os bancos Recaro e o volante do Passat GTS, entre outras bossas. Era oferecido apenas na versão a álcool do motor 1.6. Seu proprietário, o comerciante paulista Marco Buono, de 34 anos, diz que não rodou nem 100 quilômetros desde que o comprou há quatro anos com pouco mais de 10000 rodados. Uma volta dá boa idéia de suas qualidades: construção sólida, rodar silencioso, direção esperta e câmbio irrepreensível. Até 1996, quando deixou de ser fabricado, o Voyage acompanhou as mudanças estéticas do Gol, menos a geração 2, popularmente conhecida como "bolinha", que estreou em 1994. A Volkswagen tinha planos de fazer um Voyage "bolinha", mas abandonou o projeto porque apostou tudo no Polo Classic, que por sinal foi um fiasco de vendas. Foram produzidos no total 856471 Voyage e nada menos que 391295 deles foram expatriados.
Teste QUATRO RODAS - Março de 1983 Versão LS a álcool
Aceleração 0 a 100 km/h: 13,9 s
Velocidade máxima: 156 km/h
Frenagem: 80 km/h a 0 33 metros
Consumo: 10,2 km/l (cidade) 12,2 km/l (estrada)
Preço
Novembro 1983 - Cr$ 5 217 647
Atualizado - R$ 48 019
Ficha técnica
Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 1588 cm3, carburador de corpo duplo, álcool
Diâmetro x curso: 79,5 x 80 mm
Taxa de compressão: 12:1
Potência: 81 cv a 5 200 rpm
Torque máximo: 12,8 mkgf a 2 600 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira
Carroceria: monobloco
Dimensões: comprimento, 408 cm; largura, 160 cm; altura, 136 cm; entreeixos, 236 cm
Peso: 910 quilos
Suspensão Dianteira: independente, tipo McPherson.
Suspensão Traseira: semi-independente, braços longitudinais
Freios: disco na dianteira e tambor na traseira, com servo
Direção: pinhão e cremalheira
Pontos Positivos
Baixo custo de manutenção Robustez
Pontos Negativos
Valor elevado do seguro
Problemas nas versões com carburador eletrônico
Trincas nas torres dianteiras e na parte inferior da parede de fogo (que separa o motor do habitáculo)
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